A Procuradora da Mulher do Senado
Federal realizou um debate sobre assédio sexual na última sexta-feira, (27/11).
Esse crime caracteriza-se por constranger alguém com o intuito de obter
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da sua condição de superior
hierárquico ou ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo ou função.
A procuradora de justiça aposentada de São Paulo, Luiza Nagib Eluf, explicou que o assédio pode
ocorrer em todas das relações hierárquicas, não só provocada por um homem a uma
mulher. Porém, esse cenário é o mais comum uma vez que as mulheres geralmente
ocupam cargos mais baixos dentro das empresas e instituições.
Luiza
Nagib Eluf clamou que as mulheres vítimas de assédio sexual reúnam provas para
a comprovação do crime, uma vez que a justiça penal costuma absolver os
acusados por faltas de provas. Ao contrário de diversos outros crimes, neste
apenas a palavra da vítima não basta, devido ao ambiente machista que é a
justiça. Ela pediu que as mulheres:
-
Gravem áudios ou vídeos da abordagem no celular.
-
Peçam para uma colega que observe as abordagens para servir como testemunha.
-
Guardem bilhetes, presentes e etc. contendo comportamento caracterizado como
assédio sexual.
-
Contem a outras pessoas sobre a situação e denunciar às autoridades, tanto
dentro da empresa como judicialmente.
A
procuradora afirmou que em vários lugares do mundo as mulheres não têm
garantidos os direitos humanos básicos. Ela deu seu depoimento sobre as
dificuldades para ser ouvida e a discriminação que sofreu durante sua carreira
pelos demais profissionais. Como exemplo, citou a sua passagem por uma Comissão
para a reformulação do Código Penal. Depois de defender a inclusão do crime de
assédio sexual no Código Penal, a palestrante foi surpreendida pela reação do então
Ministro Evandro Lins, que afirmou erroneamente que não existia assédio sexual
no Brasil.
Já a consultora legislativa Maria da Conceição informou que uma em cada três mulheres
relatam terem sofrido algum dos cinco tipos de violência doméstica e familiar
contra a mulher previstos na Lei Maria da Penha. Ela também criticou a tomada
de medidas como a criação de vagões no metrô apenas para mulheres. Para a
palestrante, essa atitude encarcera as mulheres, como se fossem as agressoras,
não as vítimas.
Maria
da Conceição também explicou o histórico de proposições legislativas
relacionadas à criminalização do assédio sexual. Ela ressaltou que ainda
tramitam no Senado Federal o Projeto de Lei do Senado (PLS) 65/2009, que prevê
o crime de assédio sexual no Código Penal Militar, e o PLS 136/2011, para
estabelecer medidas de proteção à mulher e garantia de iguais oportunidades de
acesso, permanência e remuneração nas relações de trabalho no âmbito rural e
urbano.
Em
tramitação na Câmara dos Deputados, a consultora destacou o Projeto de Lei
7372/2014, que pretende tipificar a conduta de constranger alguém mediante
contato físico com fim libidinoso. Maria da Conceição também ressaltou a
importância dos debates realizados pela Procuradoria da Mulher nas Quintas
Femininas.
Fonte:
CNTC
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