É o que diz um estudo da
Organização Mundial do Trabalho (OIT), que aponta: o nosso país ficou abaixo,
inclusive dos países emergentes
No Brasil, o crescimento real dos salários caiu para
menos da metade (1,8%) em 2013 na comparação com o ano anterior. O resultado
fica abaixo da média global (2%), e mais distante ainda da média dos países
emergentes.
Em 2012, devido ao mecanismo criado pelas
centrais e pelo então presidente Lula, que considera o PIB de dois anos
anteriores como fator para calcular o salário mínimo, a alta foi de 4,1% (O PIB
em 2010 teve crescimento de 7,5%). Já no resto do mundo foi registrada alta de
2% no ano passado.
Quanto aos países emergentes, o ritmo de
aumento salarial foi bem superior ao do Brasil e ao da média mundial. Na China
os salários subiram 7,3% em 2013, após alta de 9% no ano anterior. Na Rússia, o
crescimento foi de 5,4% no ano passado, após alta de 8,5% em 2012. Na América
Latina e Caribe, os salários aumentaram apenas 0,8% - principalmente por causa
do mal resultado do Brasil, além do México, onde os salários registraram queda
0,6% em 2013.
Quem registrou o maior crescimento salarial
entre as economias emergentes foi a Ucrânia, que antes do golpe teve 14,4% de
aumento, em 2012. No ano passado foram 8,2%. Já nos países centrais, os
salários subiram apenas 0,1% em 2012 e 0,2% no ano passado. "Nos últimos
dois anos, o crescimento salarial ficou praticamente estagnado nas economias
desenvolvidas. Em alguns países houve até queda dos salários", diz a OIT.
Por isso a média global está em 2%, e esse
aumento ainda "está longe" das taxas registradas antes da crise
mundial, que giravam em torno de 3%, aponta a organização. "O essencial
desse crescimento modesto dos salários mundiais foi puxado quase totalmente
pelas economias emergentes do G20, onde os salários aumentaram 6,7% em 2012 e
5,9% em 2013". Mas vale ressaltar: nos dois anos o Brasil ficou abaixo da
média de crescimento registrada pelos países do G20.
Mesmo com economias mais estáveis e
crescendo mais, "o salário médio continua sendo consideravelmente inferior
nas economias emergentes e nas economias em desenvolvimento (...). Por exemplo,
medido em dólares PPC [paridade do poder de compra – método que mede quanto uma
determinada moeda poderia comprar se não fosse influenciada pelas razões de
mercado ou de política econômica que determinam a taxa de câmbio], o salário médio
mensal dos Estados Unidos é mais de três vezes superior ao da China (...). O
salário mensal médio estimado para o mundo é de uns 1.600 dólares."
O relatório ainda aponta para a questão da
produtividade (o valor dos bens e serviços produzidos pelo empregado), que
continua crescendo mais do que os salários nos países ricos nos últimos anos.
"A diferença crescente entre salários e produtividade se traduz por uma
redução da parte da remuneração do trabalho no PIB (...) Isso significa que os
trabalhadores e suas famílias obtém somente uma pequena parte do crescimento
econômico, enquanto os proprietários de capitais se beneficiam cada vez
mais", afirma a organização.
Há também a igualdade de renda, medida pela
pesquisa. As desigualdades também "declinaram substancialmente na classe
média", segundo o estudo. A OIT destaca também que nas economias
emergentes e em desenvolvimento, onde o trabalho independente é mais comum, a
contribuição dos salários na renda do lar é menor do que nos países ricos, onde
os salários representam geralmente entre 70% e 80% da renda doméstica.
Isso quer dizer que nas economias emergentes
é preciso mais do que apenas o salário para completar a renda das famílias. Em
países como o Brasil, México e Argentina, os salários representam de 50% a 60%
da renda dos lares (o restante pode ser referente a trabalho independente,
benefícios sociais, pensões e ganhos de capital).
Os resultados colocam o Brasil em 34º lugar
no quesito aumento real do salário (descontada a inflação), que foi de 18%,
atrás de países como o Tajiquistão (cujo aumento real de salários foi de 20%),
Ucrânia (8,2%), Bangladesh (7,5%), e Arábia Saudita (5,6%).
É importante ressaltar que a nossa posição
no ranking é subestimada, uma vez que 129 países foram solicitados pela OIT a fornecer
dados, mas apenas 83 o fizeram. Logo, há muitos países cujos crescimentos de
salário e renda não estão computados no estudo.
Fonte: Hora do Povo
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