O uso intensivo da tecnologia e a
análise da vida digital dos consumidores têm ganhado peso na avaliação das
instituições financeiras na hora da liberação de crédito. O fenômeno está mais
avançado no exterior, mas começa a ensaiar os primeiros testes no Brasil,
sobretudo nas fintechs, empresas que unem tecnologia a serviços financeiros.
Defendido como maneira para agilizar a
análise e confirmar a autenticidade dos dados, o método busca indícios, como
modelo de aparelho celular utilizado ou estilo de vida retratado nas redes
sociais, e também pode ajudar na inclusão financeira.
A discussão ganha importância em um
momento de paradeira na concessão de crédito e taxa de juros elevadas. Segundo
dados do Banco Central, o estoque de crédito acumula retração de 3,4% no ano.
Ao mesmo tempo, apesar da recente redução da taxa Selic, o spread dos bancos –
a margem de ganho entre o custo de captação e o juro ofertado ao consumidor –
resiste e mantém a escalada, chegando a 41,2 pontos porcentuais no crédito
livre aos consumidores.
A empresa de gestão de risco GoOn aposta
nessa análise alternativa. De acordo com o diretor da companhia, Eduardo
Tambellini, está em gestação um projeto para definir critérios mais subjetivos
e favorecer a liberação de crédito para o público de baixa renda no
financiamento de gastos em saúde e reforma de habitações populares.
“O desafio é dar um crédito mais seguro
com menor inadimplência possível. Estamos nos voltando a bases completamente
diferentes às do crédito tradicional”, diz Tambellini.
Na fintech Geru, Facebook e o LinkedIn
são alguns dos itens que vão pesar na decisão de dizer se a pessoa merece ou
não ter o crédito. “No caso de autônomos, vemos que ele tem uma página,
anunciando serviços ou produtos, e que as pessoas interagem. Isso mostra uma
disposição para o pagamento”, diz Karin Thies, sócia-fundadora da companhia.
Outros perfis que se beneficiam da
varredura são pessoas que não são casadas e não têm como comprovar a união,
assim como empresários que estão com problemas nas companhias e veem
resistência nos bancos. A pesquisa nas redes, segundo Karin, também evita
crimes como estelionato, porque oferece informações mais precisas sobre o
tomador.
Tradicionais. Mesmo nos birôs mais
tradicionais de crédito, como o SPC Brasil, essas novas ferramentas começam a
ser vistas como válidas. “Crédito está ligado a confiança. Por isso existe essa
busca para entender quem é a pessoa que está do outro lado, para saber qual é o
tamanho do risco”, diz Nival Martins, superintendente do SPC Brasil. Segundo
ele, as redes sociais podem ser usadas quando há dúvidas na análise de crédito,
mas ainda é necessário um método para utilizar essas informações com menos
subjetividade.
Nos bancos, essa aposta ainda é tímida. O
Banco do Brasil tem utilizado, desde 2015, dados de redes sociais para
complementar a análise comportamental dos clientes. Segundo o vice-diretor,
Raul Moreira Júnior, a ideia é adotar postura mais ativa para prever riscos de
inadimplência. Os demais bancos consultados pela reportagem
Fonte: Estadão
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