sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Com revisão de benefícios do INSS, bancos limitam consignado



A revisão das aposentadorias por invalidez concedidas pelo INSS ligou um sinal de alerta nas concessões de crédito consignado.
Safra e Daycoval já suspenderam os novos empréstimos a esses beneficiários temendo um aumento no número de calotes quando o governo começar o pente-fino, em março do ano que vem.
A possibilidade de os demais bancos seguirem o movimento, no entanto, não é consenso no mercado.
A restrição hoje é para aposentados com menos de 60 anos, um universo de 1,2 milhão de beneficiários do INSS que precisará passar por nova perícia para comprovar a condição de invalidez. A expectativa do governo é que 5% dos pagamentos sejam cancelados.
A reportagem conversou com funcionários de agências de correspondentes bancários (que oferecem crédito em nome das instituições financeiras) São Paulo. Eles confirmaram a restrição do Safra e do Daycoval, conforme revelado por reportagem de “O Globo”, mas disseram que ainda poderiam solicitar financiamento por outros bancos. A limitação existe há cerca de um mês.
 Safra e Daycoval não comentaram a restrição para esse público.

Apesar do risco maior de calote, o movimento não deve se estender aos grandes bancos, diz Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings.
Ele lembra que consignado é uma linha de crédito barata (29% ante 132% ao ano no crédito pessoal), com garantia do desconto em folha e índice de calotes muito baixo (1,7% ante 9,5% no crédito pessoal). Por isso, tem sido explorada pelos grandes bancos para manter as concessões de crédito neste período de crise.
No segundo trimestre, os cinco maiores bancos (BB, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander) disseram ter elevado as concessões nessa linha.
Em mais uma sinalização de apetite por consignado, no fim de setembro o Itaú comprou os 40% do Itaú BMG Consignado que estavam com o BMG por R$ 1,3 bilhão.
Mas para Miguel José Ribeiro de Oliveira, da Anefac (associação dos executivos de finanças, administração e Contabilidade), a mudança está para chegar. Ele afirma que os bancos já têm despesas elevadas com provisões contra calotes de grandes empresas e nas demais linhas. Ele estima que os grandes bancos concentram 70% do crédito consignado no país.
Em nota, o BB disse não ter adotado nenhum tipo de restrição devido à revisão de aposentadorias. O Bradesco informou que o banco continua operando normalmente a linha. O Itaú diz estar acompanhando o assunto, mas não há definição. O Santander não comentou. A Caixa não se manifestou até a conclusão desta edição.

Fonte: Folha de S. Paulo.

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