A revisão das aposentadorias por invalidez
concedidas pelo INSS ligou um sinal de alerta nas concessões de crédito
consignado.
Safra e Daycoval já suspenderam os novos empréstimos
a esses beneficiários temendo um aumento no número de calotes quando o governo
começar o pente-fino, em março do ano que vem.
A possibilidade de os demais bancos seguirem o
movimento, no entanto, não é consenso no mercado.
A restrição hoje é para aposentados com menos de 60
anos, um universo de 1,2 milhão de beneficiários do INSS que precisará passar
por nova perícia para comprovar a condição de invalidez. A expectativa do
governo é que 5% dos pagamentos sejam cancelados.
A reportagem conversou com funcionários de agências
de correspondentes bancários (que oferecem crédito em nome das instituições
financeiras) São Paulo. Eles confirmaram a restrição do Safra e do Daycoval,
conforme revelado por reportagem de “O Globo”, mas disseram que ainda poderiam
solicitar financiamento por outros bancos. A limitação existe há cerca de um
mês.
Safra e Daycoval não comentaram a restrição
para esse público.
Apesar do risco maior de calote, o movimento não
deve se estender aos grandes bancos, diz Luis Miguel Santacreu, da Austin
Ratings.
Ele lembra que consignado é uma linha de crédito
barata (29% ante 132% ao ano no crédito pessoal), com garantia do desconto em
folha e índice de calotes muito baixo (1,7% ante 9,5% no crédito pessoal). Por
isso, tem sido explorada pelos grandes bancos para manter as concessões de
crédito neste período de crise.
No segundo trimestre, os cinco maiores bancos (BB,
Bradesco, Caixa, Itaú e Santander) disseram ter elevado as concessões nessa
linha.
Em mais uma sinalização de apetite por consignado,
no fim de setembro o Itaú comprou os 40% do Itaú BMG Consignado que estavam com
o BMG por R$ 1,3 bilhão.
Mas para Miguel José Ribeiro de Oliveira, da Anefac
(associação dos executivos de finanças, administração e Contabilidade), a
mudança está para chegar. Ele afirma que os bancos já têm despesas elevadas com
provisões contra calotes de grandes empresas e nas demais linhas. Ele estima
que os grandes bancos concentram 70% do crédito consignado no país.
Em nota, o BB disse não ter adotado nenhum tipo de
restrição devido à revisão de aposentadorias. O Bradesco informou que o banco
continua operando normalmente a linha. O Itaú diz estar acompanhando o assunto,
mas não há definição. O Santander não comentou. A Caixa não se manifestou até a
conclusão desta edição.
Fonte: Folha de S. Paulo.
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