O rebaixamento das notas de crédito de
empresas brasileiras está diminuindo, após alcançar um pico entre setembro do
ano passado e fevereiro deste ano, mas a grande maioria das companhias, ao
redor de 75%, ainda tem a perspectiva da nota negativa ou está em observação
(“creditwatch”) negativa. Isso significa, segundo o diretor da agência de
classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) para ratings
corporativos, Eduardo Uribe, que elas podem ter piora da avaliação nos próximos
meses.
Em setembro, ocorreu o menor número de
rebaixamentos de 2016, segundo gráfico da S&P. “Começamos a ver um período
de estabilização em nosso portfólio”, disse ele, ressaltando que empresas com
perfil de negócios mais forte podem voltar a ter melhora das notas de crédito.
Quando se consideram apenas as empresas com perspectiva negativa, o Brasil é o
país da América Latina com o maior número de companhias com esse perfil (65%),
seguido pela Colômbia (63%), Peru (18%) e Chile (15%). No México e na
Argentina, a maioria possui perspectiva estável. Quando se inclui no porcentual
do Brasil as empresas com “creditwatch” negativo, o total sobe para 75%, também
o maior da região.
Uribe ressaltou que, no Brasil, a S&P
já observou uma melhora da confiança das companhias na economia, o que pode
levá-las a investir de novo. Ao mesmo tempo, apesar da melhora da percepção de
algumas empresas brasileiras, o diretor mencionou que o desemprego continua
aumentando e as vendas no varejo mal conseguem crescer. O diretor-gerente da
S&P, Roberto Sifon-Arevalo, ressaltou ainda que a Lava Jato é uma fonte de
risco significativo para o cenário no Brasil.
Para 2017, Uribe afirmou que riscos de
volatilidade da moeda brasileira e crescimento mais fraco da economia do que o
esperado podem oferecer desafios para a qualidade do perfil de crédito das
companhias do Brasil. Incerteza política, governo segurando gastos e
persistência de baixos preços das commodities foram outros riscos citados por
ele para o cenário das empresas brasileiras.
A S&P prevê que o PIB do Brasil volte
a crescer em 2017, com expansão estimada de 1,5%. Se confirmado, o movimento
deve ajudar a América Latina também a crescer, depois de dois anos de retração
da economia.
Fonte: Estadão
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