Considerada a taxa oficial no país,
a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em
0,22% em agosto, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira, ficando
dentro da expectativa dos analistas. A taxa foi a menor para o mês desde 2010,
quando ficou em 0,04%. O resultado também representa uma desaceleração frente
ao comportamento de julho, quando o índice ficou em 0,62%. Em 12 meses, a
inflação chegou a 9,53%, ante 9,56% no período de 12 meses encerrado em julho. No
ano, a taxa é de 7,06%, a maior para o período desde 2003, quando ficou em
7,22%.
O maior impacto de alta na inflação
de agosto frente a julho foi do grupo de despesas pessoais, com variação de
0,75%, e contribuição de de 0,08 ponto percentual, seguido de saúde e cuidados
pessoais, com elevação de 0,62% e impacto de 0,07 ponto percentual. Habitação
aparece em seguida, com variação de 0,24%, e impacto de 0,04 ponto percentual —
o mesmo do grupo educação.
Dos dez grupos analisados pelo
IBGE, apenas três aceleraram na comparação entre julho e agosto. A taxa
referente a vestuário foi de queda de 0,31% para alta de 0,20%; as despesas
pessoais subiram 0,75% frente a uma baixa de 0,6%; enquanto a educação teve
alta de 0,82% na comparação com o mês passado, quando houve estagnação.
Os grupo transportes registraram o
mais baixo resultado entre todos os grupos e foi o que mais ajudou a puxar para
baixo a inflação de agosto, com queda de 0,27% e impacto de -0,05 ponto
percentual na taxa. O principal responsável por essa queda no grupo foi o preço
das passagens aéreas, que tiveram variação negativa de 24,9%. Em Belém, a queda
no preço dos bilhetes aéreos chegou a 40,20%. Em 12 meses, esse item acumula
queda de 14,64%. Em contrapartida, a gasolina (0,67%), o etanol e o ônibus
urbano, ambos 0,6%, e carros novos (0,3%) subiram em agosto.
O grupo de alimentação e bebidas
não impactou o IPCA de agosto, com deflação de -0,01% no mês. Em agosto, dos 37
alimentos pesquisados, 17 apresentaram queda na variação, com destaque para a
batata inglesa, que caiu 14,75%, seguida por tomate (-12,88%), cebola (-8,28%)
e açaí (-7,35%). As maiores altas foram da farinha de mandioca (4,4%) e do alho
(2,74%). No entanto, no acumulado dos últimos 12 meses, apenas quatro alimentos
acumulam variação negativa: feijão preto (-4,82%), açúcar cristal (-1,81%),
farinha de mandioca (-1,12%) e leite em pó (-0,91%). A maior alta em 12 meses é
da cebola, que subiu 139,86%, muito acima da segundo item que mais encareceu,
que foi a batata inglesa (43,20%).
O grupo habitação registrou forte
desaceleração em relação a julho, passando de 1,52% para 0,29%, A conta de luz,
que em julho mais mais uma vez havia pesado no bolso do brasileiro, com uma
alta de 4,17%, desta vez apresentou queda de 0,42%, o primeiro resultado
negativo desde março de 2014, quando ficou em -0,87%. Segundo o IBGE, a queda é
reflexo da redução no PIS/Cofins na maioria das regiões pesquisadas, apesar do
aumento nas contas de Belém e Vitória. O botijão de gás também ficou mais
barato em agosto (-0,44%) devido a quedas expressivas em Recife (-4,27%), Campo
Grande (-2,69%), Rio de Janeiro (-1,12%) e Fortaleza (-0,99%).
Em 12 meses, enquanto o IPCA geral
variou 9,53%, os grupos de habitação e alimentação e bebidas variaram 17,55% e
10,65%, respectivamente. Ou seja, morar e comer, mais uma vez, aparecem como os
principais vilões da inflação. Em seguida, vieram despesas pessoais (9,43%),
educação (9%), saúde e cuidados pessoais (8,32%), transportes (7,96%), artigos
de residência (4,47%), vestuário (3,75%) e por último comunicação (0,39%).
Analistas de mercado consultados
pela agência Bloomberg projetavam o IPCA em 0,23% em agosto e de 9,54% em 12
meses. Já a última Pesquisa Focus, do Banco Central, divulgada esta semana,
estima que o IPCA feche o ano em 9,29%, bem acima do teto da meta de inflação
do governo, que é de 6,5% ao ano.
Fonte: O Globo.