Dados do relatório Violência letal contra
crianças e adolescentes do Brasil mostram que a agressão física é o tipo mais
frequente de violência que leva ao atendimento de meninos e meninas com menos
de 1 a 17 anos nos serviços de saúde pública. O estudo, elaborado pela
Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), fez o levantamento com
base nos registros do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan),
do Ministério da Saúde, que captou ao menos 97.976 atendimentos por motivos de
violência em todo o país em 2014. A negligência/abandono e o abuso sexual são
os outros tipos mais recorrentes de ocorrências. A maior parte das violações é
cometida em casa, pelos pais.
O capítulo que trata dessas informações no
estudo ressalta que os dados são subnotificados e representam apenas “a ponta
do iceberg” dos casos cotidianos, já que a grande parte fica na esfera privada.
A pesquisa analisou os tipos diversos de violência: física, psicológica,
tortura, sexual, econômica, negligência, abandono e trabalho infantil. Entre o
tipo mais frequente de agressão, a física, que responde por 35,4% do total de
atendimentos, dois estados se destacaram: Alagoas e Rio Grande do Norte, cujo
índice desse tipo de violação supera 60% em relação às outras. A menor
incidência é no Acre, que tem 18,7%.
As agressões físicas atingem majoritariamente
crianças de 12 a 15 anos, responsável por
2/3 dos atendimentos de jovens de 16 e 17 anos. Já a negligência ou o
abandono, responsável por 22,2% do universo coletado de consultas, atinge
principalmente as crianças menores de um ano. Nessa faixa etária, esse tipo de
violência representa 59,2% dos atendimentos. A violência sexual é a terceira
mais comum, com 20,1% dos atendimentos e tem maior incidência em crianças de 13
anos, sendo que há uma queda no número dos atentados.
“Há especificidades que precisam ser ressaltadas.
Uma é que o que chega ao SUS são as violências extremas, que colocam em perigo
às vezes à saúde da própria vítima”, avalia o sociólogo Julio Jacobo
Waiselfisz, autor do documento e coordenador do Programa de Estudos sobre a
Violência da Flacso. Segundo Jacobo, levantamento feito por especialistas
estima que o SUS só registra de 10% a 15% das ocorrências cotidianas. E lembra
que dados da Pesquisa Nacional de Saúde mostram que 7,5 milhões de jovens com
mais de 18 anos disseram ter sofrido alguma agressão de desconhecidos entre
2012 e 2013. Outra pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança de São Paulo
aponta que houve cerca de 500 mil estupros em 2014, mas somente 10% das
mulheres denunciaram.
Fonte: Correio Braziliense.
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