Para quem quiser compreender o Brasil atual e o ambiente de ódio
construído pela elite brasileira, com apoio da mídia e da classe média
imbecilizada, vem aí o terceiro livro do ex-presidente
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Jessé Souza. “A Elite do Atraso –
da Escravidão à Lava Jato” sai agora em agosto, completando uma trilogia –
“A Tolice da Inteligência Brasileira” , de 2015
e “A Ralé Brasileira”, de 2009.
O sociólogo antecipou em entrevista ao repórter Sérgio Lirio, da revista
Carta Capital, o ex-presidente do IPEA não usa meias palavras no diagnóstico:
“Somos, nós brasileiros, filhos de um ambiente escravocrata, que cria um
tipo de família específico, uma Justiça específica, uma economia específica.
Aqui valia tomar a terra dos outros à força, para acumular capital, como
acontece até hoje, e humilhar e condenar os mais frágeis ao abandono e à
humilhação cotidiana. Essa herança nunca foi refletida e criticada, continua
sob outras máscaras. O ódio aos pobres é tão intenso que qualquer melhora na
miséria gera reação violenta, apoiada pela mídia. E o tipo de rapina econômica
de curto prazo que também reflete o mesmo padrão do escravismo”.
Há , segundo o sociólogo um inegável sentimento de irritação com a presença de pobres em shopping
centers e nos aeroportos, que ganharam aspecto de estações rodoviárias nos últimos 14 anos. ”A irritação aumentou
quando os pobres passaram a frequentar as universidades”.
À luz da Ciência Social, Jessé Souza nos leva a compreender porque “ o
moralismo seletivo tem servido para atingir os principais agentes dessa pequena
ascensão social, Lula e o PT. São o alvo da ira em um sistema político montado
para ser corrompido, não por indivíduos, mas pelo mercado. São os grandes
oligopólios e o sistema financeiro que mandam no País e que promovem a
verdadeira corrupção, quantitativamente muito maior do que essa merreca exposta
pela Lava Jato. O procurador-geral, Rodrigo Janot, comemora a devolução de 1
bilhão de reais aos cofres públicos com a operação. Só em juros e isenções
fiscais o Brasil perde mil vezes mais”.
É preciso explicitar o papel da elite, que prospera no saque
e na rapina. Jessé fará isso no seu novo livro, segundo ele mesmo adianta à
Carta Capital. “A classe média é feita de imbecil. Existe uma elite que a
explora. Basta se pensar no custo da saúde pública. Por que é tão cara? Porque
o sistema financeiro se apropriou dela. O custo da escola privada, da
alimentação. A classe média está com a corda no pescoço, pois sustenta uma ínfima
minoria de privilegiados, que enforca todo o resto da sociedade. A base da
corrupção é uma elite econômica que compra a mídia, a Justiça, a política, e
mantém o povo em um estado permanente de imbecilidade”.
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