Casos de
mortes e de acidentes ocorridos durante o trabalho e não notificados pelas
unidades de saúde municipais distorcem dados sobre a saúde do trabalhador
brasileiro. Em Guarulhos, em 2012, o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS)
concedeu mais de 5 mil benefícios por acidente de trabalho, mas o Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan) registrou apenas 71. O
governo federal instituiu, no ano de 2011, a obrigatoriedade para que as mortes
e acidentes de trabalho sejam notificadas pelos órgãos municipais de saúde pública.
A enfermeira e especialista em saúde
do trabalho, Rosimeire Rosa Pereira, explica que um dos problemas é o número
pequeno de profissionais que opera nos departamentos de recursos humanos (RH)
das empresas, e que, muitas vezes, não há ninguém disponível para fazer o
registro. "Ou então, não é feita essa notificação porque não temos os
dados do paciente, da empresa, mas isso tudo pode ser conseguido
posteriormente, principalmente quando é emitido o relatório do atendimento
médico para ser confeccionado ao Centro de Apoio ao Trabalho (CAT), que
encaminha à Previdência Social", afirma em entrevista à Rádio Brasil
Atual.
De acordo com Marcelo Lemes, engenheiro de segurança do Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), o principal problema é a
sobrecarga dos profissionais de saúde. "Acreditamos que os servidores da
saúde têm diversas atribuições. Então, essa
notificação da saúde do trabalho, embora esteja na lei, os profissionais acabam
deixando um pouco de lado por causa da demanda", argumenta.
Marcelo aponta que a diferença de casos de acidentes
no trabalho registrados pelo INSS e pelo centro se dá, também, porque grande
parte das notificações fica registrada nas gestões das secretarias municipais. Diante dessa
situação, o engenheiro de segurança explica que o Cerest promove fóruns para
sensibilizar os servidores públicos da saúde sobre a importância de notificar a
situação da saúde dos trabalhadores. “Nós sabemos que o INSS ainda não é
confiável", diz.
Fonte: Rede Brasil Atual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário